Postagens populares

sexta-feira, 31 de maio de 2013

EMBOLIA PULMONAR | Sintomas e tratamento

embolia pulmonar, também chamada de tromboembolismo pulmonar (TEP), é um  quadro grave que ocorre habitualmente quando um trombo (coágulo) localizado em uma das veias das pernas ou da pelve se solta, viaja pelo organismo e se aloja em uma das artérias do pulmão, obstruindo o fluxo de sangue. Dependendo do tamanho do trombo, a embolia pulmonar pode até causar morte súbita.

Neste artigo vamos abordar os seguintes pontos sobre a embolia pulmonar:
  • O que é a embolia pulmonar.
  • Causas de embolia pulmonar.
  • Sintomas da embolia pulmonar.
  • Diagnóstico da embolia pulmonar.
  • Prevenção e tratamento da embolia pulmonar.
  • Embolia gasosa, embolia gordurosa e embolia séptica
O que é embolia pulmonar?

Para entender a embolia pulmonar é preciso antes saber alguns conceitos básicos como: o que são trombose, embolia, isquemia e infarto. Leia com calma os conceitos abaixo que o resto do texto se tornará muito fácil.

Trombo é uma espécie de coágulo de sangue que se encontra aderido à parede de uma vaso sanguíneo, obstruindo a passagem de sangue. A obstrução pode ser parcial ou total. Quando um trombo se forma e obstrui o fluxo normal de sangue, chamamos esse evento de trombose. 

Trombose
Trombose
Êmbolo é um trombo que se solta da parede do vaso e viaja pela corrente sanguínea. O êmbolo viaja pelo corpo até encontrar um vaso com calibre menor do que ele próprio, causando obstrução da circulação do sangue. Quando o êmbolo impacta em um vaso, damos o nome de embolia. Se o vaso obstruído estiver no cérebro, chamamos de embolia cerebral. Se for um vaso no pulmão, chamamos de embolia pulmonar.

A trombose costuma ser um processo mais lento, com crescimento progressivo do trombo. Os trombos costumam surgir em áreas do vaso sanguíneo onde já há depósito de colesterol. Já a embolia é um evento mais agudo, que causa uma obstrução súbita do vaso acometido.

Abaixo, um gráfico mostrando uma embolia pulmonar com origem nas veias do membro inferior esquerdo.

Embolia pulmonar
Embolia pulmonar - o êmbolo viaja na corrente sanguínea até parar em vaso de menor tamanho.
Isquemia é a falta de suprimento de sangue para algum tecido orgânico. Toda vez que a circulação de sangue não é suficiente para o funcionamento de um órgão ou tecido, ocorre a isquemia. É um processo reversível se tratado a tempo. Tanto um trombo quanto um êmbolo podem ser a causa da isquemia.

Infarto é a morte das células por uma isquemia prolongada. Se a trombose ou a embolia não forem tratadas a tempo, todo o tecido que recebia sangue pela artéria obstruída morre. Exemplos: se a trombose ocorre nas artérias coronárias, temos o infarto do miocárdio (ataque cardíaco; se ocorre em um vaso cerebral, temos um AVC; se ocorre no pulmão, como no tromboembolismo pulmonar, temos o infarto pulmonar.

A embolia pulmonar é, portanto, uma obstrução de uma das artérias do pulmão causada por um êmbolo, ou seja, um trombo que se soltou das pernas e viajou pela corrente sanguínea até o pulmão. A obstrução de uma artéria do pulmão causa isquemia e infarto do tecido pulmonar que dependia da artéria obstruída para receber sangue e oxigênio. Quanto mais extensa for a área de infarto pulmonar, mais grave será o quadro.

Mas se o trombo estava em uma veia da perna, como ele vai parar em artéria do pulmão?

Todo o sangue do corpo retorna ao coração pelas veias. Todas as veias do corpo acabam diretamente ou indiretamente escoando o sangue para a veia cava, que é a  nossa veia mais calibrosa, que termina no coração (ventrículo e átrio direito).

O sangue que as veias entregam ao coração é um sangue já "usado" pelos tecidos, ou seja, pobre em oxigênio e rico em gás carbônico. Assim que o sangue chega ao coração ele é imediatamente bombeado para a artéria pulmonar, que por sua vez irá distribui-lo por todo o pulmão para que este possa se encher novamente de oxigênio. Uma vez suprido de oxigênio, o sangue volta ao coração para ser bombeado novamente para o resto do corpo. 

Um trombo pequeno costuma se alojar em artéria pequena e periférica do pulmão. Um trombo grande pode impactar logo após a saída do coração, obstruindo toda a passagem de sangue, levando à morte de todo um pulmão e falência do coração por incapacidade de bombear o sangue contra uma grande obstrução. Os grandes tromboembolismos pulmonares são causas comuns de morte súbita.

Quais são as causas de embolia pulmonar?

A principal causa de embolia pulmonar são os êmbolos que se originam de tromboses nas veias dos membros inferiores, um quadro chamado de trombose venosa profunda (TVP). São pedaços de trombos das veias das pernas, coxas ou pelve que costuma embolizar para os pulmões.

Trombose venosa profunda
Trombose venosa profunda
A trombose venosa profunda se manifesta como um quadro súbito de dor, inchaço e vermelhidão de uma das panturrilhas ou da coxas. Ao lado, uma imagem de uma  TVP. Reparem na assimetria das pernas. O lado inchado e avermelhado é onde ocorreu a trombose.

Vamos falar mais especificamente da TVP em um texto à parte, que será escrito nas próximas semanas.

Portanto, um fator quase que obrigatório para haver um tromboembolismo pulmonar é a presença de uma trombose venosa profunda dos membros inferiores. Consequentemente, os fatores de risco para TVP acabam também sendo fatores de risco para embolia pulmonar. São eles:
De todos os fatores de risco listados acima, gostaria de gastar algumas linhas sobre um deles: cirurgia recente. Cirurgias, principalmente do quadril ou membros inferiores apresentam elevado risco de surgimento de uma trombose venosa profunda das pernas nos primeiros dias de pós-operatório. Além do risco de formação de coágulos pela própria cirurgia, estes pacientes ainda ficam vários dias acamados sem poder andar, o que diminui a circulação de sangue nas pernas, favorecendo a formação de coágulos.

A morte súbita em pacientes submetidos a cirurgia recente é quase sempre causada por um embolia pulmonar de grande volume. Nem sempre a TVP que dá origem ao êmbolo consegue ser identificada, principalmente se o paciente já tiver tido alta do hospital.

A TVP após as cirurgias pode ocorrer  mesmo em pacientes jovens e sem outras doenças. Quanto mais fatores de risco um paciente acumular, maiores são suas chances de desenvolver uma trombose dos membros inferiores.

Sintomas da embolia pulmonar

Angiografia pulmonar
Angiografia pulmonar
Veja a imagem de uma angiografia pulmonar ao lado. Repare na vascularização do pulmão. Os sintomas da embolia pulmonar vão depender do tamanho do êmbolo e do tamanho da região que sofreu infarte.

Vamos descrever três quadros possíveis de embolia pulmonar. Acompanhe a numeração da imagem.

Começamos pela hipótese 3. Imaginemos um êmbolo pequeno que atravesse toda a circulação pulmonar e só obstrua um vaso de pequeno calibre, já na periferia do pulmão, responsável apenas por uma pequena área de parênquima pulmonar. Como o vaso acometido é pequeno e periférico, não há grandes repercussões na circulação de sangue para o resto do pulmão. Do mesmo modo, como a área morta de pulmão é pequena há pouca repercussão na capacidade de oxigenação do sangue. O paciente sente apenas uma dor na região tórax, que piora a inspiração profunda. Pode haver também uma tosse seca e eventualmente expectoração com sangue (leia: TOSSE E ESCARRO COM SANGUE).

Imaginemos agora um êmbolo um pouco maior e que obstrua os vasos pulmonares na altura do número 2. A obstrução por ser mais central vai acarretar em uma área maior de infarto pulmonar. Todos aqueles vasos após o número 2 vão deixar de receber sangue, levando à isquemia de uma área grande do pulmão. Este paciente além da dor e da tosse, apresentará também súbita falta de ar, palpitações e tosse com expectoração sanguinolenta. Quanto maior for a área infartada, mais grave será o quadro.

Para terminar, vamos ao exemplo 1. Esse é o chamado tromboembolismo maciço. O êmbolo é tão grande que obstrui a circulação sanguínea de praticamente todo o pulmão. Este quadro é gravíssimo, pois além de infartar todo um pulmão, o sangue que não consegue ultrapassar a barreira imposta pelo êmbolo volta para o coração, causando um súbito aumento da pressão dentro deste e uma rápida dilatação do mesmo. O paciente pode morrer em minutos por falência cardíaca aguda.

Diagnóstico do tromboembolismo pulmonar 

O diagnóstico da embolia pulmonar é feito através de exames, como a angiotomografia computadorizada, cintilografia pulmonar ou angiografia pulmonar.

Uma vez diagnosticada a embolia, é importante investigar a causa para que se possa prevenir novas embolias. Quando o paciente foi submetido a uma cirurgia recentemente, a causa é mais ou menos óbvia e não é necessário grandes investigações. Por outro lado, há pacientes que apresentam quadros de embolia pulmonar sem nenhuma causa evidente.  Nestes pacientes é importante investigar trombofilias, ou seja, doenças do sangue que causam formação espontânea de trombos nas veias.

Tratamento da embolia pulmonar

Na maioria dos casos não há tratamento específico para a embolia pulmonar. O tratamento visa manter o paciente estável, controlando a pressão arterial e fornecendo oxigênio nos casos de hipoxemia (baixa de oxigênio no sangue).

Pacientes com pequenas embolias são tratados apenas com anticoagulantes para impedir novos episódios. A área infartada não tem salvação. O que morreu do tecido pulmonar não é recuperável. Em geral, o paciente fica tomando anticoagulantes por pelo menos 6 meses. O medicamento anticoagulante mais usado é a Varfarina (leia: VARFARINA (Marevan,Varfine, Coumadin) | Controle do INR).

Nos pacientes que não podem tomar anticoagulantes ou que continuam fazendo tromboses mesmo com a anticoagulação, um filtro pode ser implantado na veia cava, funcionando como uma espécie de coador, impedindo que trombos grandes passem em direção ao coração.

Nas embolias mais extensas pode ser indicado o uso de trombolíticos, substâncias que diluem o êmbolo, na tentativa de restaurar a circulação sanguínea na área afetada.  Os trombolíticos apresentam muitos efeitos colaterais e risco de causar sangramentos graves, inclusive sangramentos cerebrais. Por isso, seu uso só está indicado em casos graves, quando o benefício supera os riscos.

Nos casos graves outra opção é a remoção cirúrgica da obstrução. Também é um procedimento com alto grau de complicações.

Prevenção do tromboembolismo pulmonar

O mais importante no tromboembolismo pulmonar é a prevenção (profilaxia). Como a gravidade de uma embolia pulmonar é imprevisível e nos casos mais graves os pacientes sequer chegam ao hospital com vida, é imprescindível realizar a prevenção nos casos com maior risco, como nas cirurgias ortopédicas dos membros inferiores. Os pacientes no pós-operatório devem se levantar e andar assim que possível. O uso de meias elásticas especiais também está indicado para reduzir o represamento de sangue nas pernas.

A profilaxia é feita normalmente com anticoagulação, iniciada logo antes da cirurgia. A droga mais usada na prevenção é a heparina em doses baixas. Nos pacientes de alto risco, principalmente naqueles que já tiveram um episódio prévio de embolia pulmonar, pode-se indicar a colocação de um filtro na veia cava para evitar que possíveis êmbolos cheguem aos pulmões.

Pacientes internados e acamados por outras causas também devem usar heparina em baixas doses para prevenir a formação de trombos nas pernas.

Pacientes com antecedentes de doenças da coagulação (trombofilias) devem ficar anticoagulados para o resto da vida.

Outros tipos de embolia pulmonar 

A principal causa de embolia pulmonar são as tromboses dos membros inferiores, porém, há outros tipos de embolias:

a.) Usuários de drogas injetáveis podem sofrer embolização por materiais presentes na droga. O paciente injeta uma droga não adequadamente diluída na veia e fragmentos viajam até o pulmão, funcionando exatamente como um coágulo.
b.) Embolia gasosa ocorre se injetarmos ar nas veias. No sangue não há ar livre e bastam 300 ml de ar para que a embolia gasosa seja fatal.
c.) Embolia gordurosa ocorre quando há fraturas de grandes ossos, como o fêmur ou ossos da pelve,  com liberação da medula óssea para a corrente sanguínea. Fragmentos da medula caem na corrente sanguínea e embolizam para os pulmões. A embolia gordurosa surge geralmente 24 a 72 horas após as fraturas.
d.) Embolia séptica ocorre quando pedaços de colônias de bactérias viajam pela corrente sanguínea. Este quadro ocorre principalmente na endocardite, infecções das válvulas do coração (leia:ENDOCARDITE | Sintomas e tratamento).

AVC | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

AVC (acidente vascular cerebral) possui vários nomes, o mais correto é AVE (acidente vascular encefálico), mas também pode ser chamado de infarto cerebral, isquemia cerebral, trombose cerebral ou o popular derrame cerebral. Neste texto abordaremos o AVC isquêmico e o AVC hemorrágico.

Para entender o AVC é preciso conhecer 4 conceitos básicos:

Trombo = é um coágulo de sangue que se localiza dentro dos vasos sanguíneos, aderido à parede do mesmo, obstruindo a passagem de sangue. A obstrução pode ser parcial ou total. Quando o vaso é obstruído por um trombo, damos o nome de trombose.

Êmbolo = é quando um trombo se solta e viaja pela corrente sanguínea até encontrar um vaso com calibre menor do que o próprio êmbolo, ficando preso e obstruindo a circulação do sangue. Quando um vaso é obstruído por um êmbolo, estamos diante de uma embolia. Um exemplo comum é a embolia pulmonar (leia: EMBOLIA PULMONAR)

Isquemia = é a falta de suprimento de sangue para algum tecido ou órgão. Toda vez que a circulação de sangue não é suficiente para o funcionamento das células, ocorre a isquemia. É um processo reversível se tratado a tempo. 

AVC - Trombose
Trombose
Infarto = É a morte das células por uma isquemia prolongada. Ocorre em geral por obstrução da artéria por um trombo ou por um êmbolo. O infarto mais conhecido é o do miocárdio (músculo do coração), mas ele pode ocorrer em qualquer tecido ou órgão (leia: SINTOMAS DO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO E ANGINA).

O AVC, portanto, nada mais é que um infarto de uma região do cérebro causado por um trombo que se forma em uma artéria cerebral ou por um êmbolo formado em algum lugar do corpo, que viaja na corrente sanguínea até se alojar em uma artéria do cérebro. Há também o AVC hemorrágico que será explicado mais abaixo.

AVC - Vascularização do cérebro
Vascularização do cérebro
Repare na vascularização do nosso cérebro (vasos em azul). Quando qualquer um desses vasos fica obstruído, ocorre uma isquemia e, consequentemente, um AVC.

a) AVC por trombose

O mecanismo da trombose cerebral é o mesmo do infarto do coração. A diferença é que o primeiro ocorre em artéria do cérebro e o outro em uma artéria coronária.

Pessoas com colesterol elevado apresentam deposição do mesmo na suas artérias em forma de placas de gordura. É em cima dessas placas que os trombos se desenvolvem. O trombo cresce silenciosamente em cima das placas de colesterol e só causa sintomas quando torna-se grande o suficiente para obstruir a passagem do sangue.

b) AVC por embolia

O AVC causado por um êmbolo normalmente tem origem no coração, mais especificamente no átrio esquerdo. Uma arritmia cardíaca chamada fibrilação atrial é a principal causa de embolia cerebral. O átrio quando está fibrilando não pulsa corretamente, com isso, o sangue dentro dele fica parado, o que favorece a coagulação e a formação de coágulos (Leia: PALPITAÇÕES, TAQUICARDIA E ARRITMIAS CARDÍACAS para entender melhor o conceito de arritmia).

Na foto abaixo podemos ver o coágulo (ou trombo) (ponto preto) se tornando um êmbolo ao sair do coração, ganhar a artéria carótida e se alojar em uma artéria cerebral, obstruindo a chegada de sangue para uma região do cérebro.
AVC - Fibrilação atrial e embolia cerebral
Acidente vascular cerebral causado por êmbolo cardíaco

c) AVC por choque circulatório

Além da trombose e da embolia, existe um terceiro tipo de infarto cerebral; é o causado por uma parada cardíaca ou um estado de choque circulatório prolongado (leia:SAIBA O QUE É CHOQUE CIRCULATÓRIO). Este tipo de acidente vascular cerebral é o mais grave, pois a falta de circulação sanguínea apropriada faz com que todo o cérebro sofra isquemia, e não apenas uma região como nos AVCs causados por trombo ou êmbolo.

Pacientes com parada cardíaca prolongada costumam sofrer danos irreversíveis no cérebro. Três minutos de parada cardíaca, sem atendimento médico, já provocam lesões cerebrais graves. A partir do quinto minuto a chance de morte cerebral é próxima de 100%. Mesmo quando iniciam-se rapidamente as manobras de ressuscitação (massagem cardíaca) existe um limite de tempo para sobrevivência do cérebro. Poucos são os casos que evoluem bem após mais de 10 minutos de manobras de ressuscitação sem resposta.

Estes 3 tipos de infarto cerebral são chamados de AVC isquêmico, pois o mecanismo que leva ao infarto é uma isquemia (perfusão do sangue insuficiente), seja por trombo, êmbolo ou choque circulatório.

Os principais fatores de risco para o acidente vascular isquêmico (AVC) são:

- Idade avançada
- Diabetes (leia: DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO DIABETES MELLITUS)
- Cigarro (leia: COMO E PORQUE PARAR DE FUMAR CIGARRO)
- Hipertensão (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO)
- Colesterol alto (leia: COLESTEROL BOM (HDL) E COLESTEROL RUIM (LDL))
- Obesidade (leia: OBESIDADE E SÍNDROME METABÓLICA)
- Fibrilação atrial

O AVC é um quadro que ocorre tipicamente de pessoas acima dos 50 anos com os fatores de risco listados acima, mas pode ocorrer em jovens que tenham alterações na coagulação sanguínea ou doenças inflamatórias dos vasos, como, por exemplo, anticorpo antifosfolipídio, fator V de Leiden, Lúpus ou vasculites (leia: LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO e SAIBA O QUE É VASCULITE).

AVC hemorrágico

Além do AVC isquêmico, responsável por até 85% dos casos, existe ainda o AVC hemorrágico, causado pela ruptura de um vaso do cérebro, que leva ao sangramento intracraniano. Em geral, o AVC hemorrágico ocorre por uma fraqueza da parede de uma artéria cerebral.

As principais causas de AVC hemorrágico são:
AVC hemorrágico
AVC hemorrágico

- Hipertensão
- Tabagismo
- Uso de medicamentos que inibem a coagulação como heparina e varfarina (leia:INTERAÇÕES COM A VARFARINA) 
- Traumas.
- Aneurismas no cérebro (leia: O QUE É UM ANEURISMA?)
- Malformações dos vasos cerebrais
- Vasculites (leia: VASCULITE | Causas e sintomas)

O AVC hemorrágico costuma ser um quadro mais dramático que o AVC isquêmico por atingir quase sempre uma área cerebral maior.

O crânio é uma caixa fechada que não tem capacidade de se expandir. Quando há hemorragias grandes, o sangue vaza para o cérebro forma hematomas que começam a comprimi-lo em direção à calota craniana. Esta compressão do cérebro contribui ainda mais para lesão dos neurônios e para o risco de morte. 

Existem dois tipos de AVC hemorrágico: hemorragia intracerebral e hemorragia subaracnóide. A primeira, como o próprio nome diz, ocorre quando o sangramento se localiza dentro do cérebro. Já a hemorragia subaracnóide ocorre quando o sangramento se dá entre o cérebro e a meninge (membrana que cobre o cérebro). Leia SINTOMAS DA MENINGITE para entender melhor melhor o conceito de meninge.

O AVC hemorrágico, principalmente o intraparenquimatoso (intracerebral), costuma ter prognóstico ruim. A mortalidade chega a ser superior a 50% e apenas cerca de 10% ficam sem sequelas. Quando há hemorragias grandes e perda de consciência, a taxa de mortalidade chega a 90%.

Agora que você já entendeu os tipos de AVC, vamos à parte mais importante que é o quadro clínico.

Consequências, sinais e sintomas do AVC

Os sintomas do AVC dependem da área do cérebro atingida. Quanto maior a área, em geral, mais grave é o quadro. Infartos pequenos em áreas nobres também são graves. Os sintomas mais comuns do AVC são:

- Paralisias motoras, normalmente em apenas um lado do corpo.
- Diminuição a força em um membro ou em todo um lado do corpo.
- Perda de equilíbrio com incapacidade de se manter em pé e dificuldade para realizar tarefas simples, como apertar um botão, ligar a luz ou levar um copo ou garfo a boca.
- Alterações na marcha. 
- Dificuldades na fala e boca torta.
- Alterações na musculatura da face ou desvio dos olhos.
- Alterações visuais como visão dupla, cegueira parcial ou total.
- Desorientação, comportamento estranho ou discurso incoerente de início súbito.
- Diminuição do estado de consciência.
- Crise convulsiva.
- Coma (leia: COMA INDUZIDO).
- Morte.

A diminuição da sensibilidade e/ou formigamento isolado em um dos membros, ou apenas em parte deles, não costuma ser sinal de AVC, mas sim de lesões nos nervos periféricos ou na coluna. Acidente vascular cerebral costuma causar paralisias e diminuição de força.

Quadros de ansiedade e histeria podem simular um AVC, porém, na maioria absoluta das vezes são facilmente distinguidos pelo médico pelo fato dos sintomas não seguirem um lógica do ponto de vista neurológico. O que para o paciente e sua família pode ser um evento com toda cara de AVC, para o médico é claramente um quadro histeria.

O acidente vascular cerebral não causa dor, exceto por uma excruciante cefaleia (dor de cabeça) que pode ocorrer nos casos de AVC hemorrágico (leia: DOR DE CABEÇA).

Até 1/3 dos derrames ocorrem durante o sono e o paciente só nota alteração ao acordar.

Nos AVCs hemorrágicos o quadro pode evoluir muito rapidamente dependendo da sua extensão e da área do cérebro acometida. O paciente se queixa de mal-estar e rapidamente pode evoluir para perda de consciência e parada cardiorrespiratória.

É muito comum o AVC cursar com pico hipertensivo. A falta de sangue em regiões do cérebro leva o corpo a aumentar a pressão arterial em uma desesperada tentativa de aumentar a perfusão de sangue para o cérebro. Não se deve tentar controlar a pressão nestes casos (principalmente se ela estiver abaixo de 200/110 mmHg), pois há um perigo de piorar a isquemia cerebral se a pressão baixar rapidamente.  Se houver suspeita de AVC, vá imediatamente a um hospital e deixe os médicos controlarem a pressão do modo correto.

Para saber mais sobre os sintomas do AVC, leia: 7 SINTOMAS DO AVC

Ataque isquêmico transitório

O ataque isquêmico transitório, conhecido como AIT, ocorre quando os sintomas do AVC desaparecem com menos de 24 horas após o seu início. O AIT é um derrame incompleto, que ocorre quando a isquemia consegue ser revertida espontaneamente antes que ocorra o infarto da região acometida.

Quem teve um AIT apresenta elevado risco de apresentar um AVC futuramente e deve ser seguido de perto por um neurologista. 

AGORA, A INFORMAÇÃO MAIS IMPORTANTE DO TEXTO:

Existe uma classe de medicamento chamada de trombolítico, que dissolve trombos e êmbolos e restaura a circulação cerebral, acabando com a isquemia e impedindo a ocorrência do infarto. Porém, ele só tem efeito nas primeiras 3 horas do AVC, sendo ainda mais efetivo se administrado na primeira hora e meia.

Obs: os últimos trabalhos científicos têm demonstrado benefícios dos trombolíticos até 4,5 horas após o início dos sintomas.

Ao primeiro sinal de AVC o paciente deve ser levado imediatamente a uma emergência para que se tenha tempo de salvar a área cerebral isquemiada.

Portanto, a pior coisa que se pode fazer quando surgem sintomas de AVC é esperar para ver se o quadro vai melhorar sozinho. Se há suspeita de derrame durante a madrugada não se deve esperar amanhecer para levar o paciente ao hospital. Se não houver carro disponível, chame uma ambulância imediatamente.

Não se automedique e não espere para ver se os sintomas irão desaparecer. Se houver dúvidas em relação ao momento exato do início do sintomas, leve o paciente assim mesmo a um setor de emergência e deixe os médicos avaliarem a indicação ou não do trombolítico.

Nunca deixe o paciente com suspeita de AVC conduzir o carro. O quadro pode evoluir e um grave acidente pode ocorrer.

Os trombolíticos só estão indicados no AVC isquêmico. NÃO SE USA TROMBOLÍTICOS NO AVC HEMORRÁGICO. O diagnóstico diferencial entre esses dois tipos de AVC é feito através da tomografia computadorizada do cérebro.

No AVC hemorrágico pode ser necessária uma cirurgia de urgência caso o cérebro esteja sendo comprimido pelo sangramento. O tratamento consiste na remoção cirúrgica do coágulo/hematoma e de parte da calota craniana para que o cérebro possa se expandir sem ficar comprimido.

7 SINTOMAS DO AVC

O AVC, popularmente chamado de derrame cerebral, é a sigla para acidente vascular cerebral, o termo médico usado quando uma parte do cérebro sofre infarto, geralmente devido a uma falha na circulação do sangue. O AVC também pode ser chamado de AVE (acidente vascular encefálico), uma designação mais correta, já que o encéfalo engloba não só o cérebro, mas também o cerebelo, hipotálamo e o tronco cerebral, áreas do sistema nervoso central passíveis de sofrer infarto. 

Neste texto vamos abordar 7 sinais e sintomas clássicos do AVC que devem servir de alerta para o paciente procurar atendimento médico imediatamente. O pronto atendimento dos casos de AVC é essencial, pois o tratamento só é eficaz se for iniciado nas  primeiras horas do infarto cerebral.

Se você quiser maiores explicações sobre outros sintomas possíveis de AVC, fatores de risco, diferenças entre AVC isquêmico, AVC hemorrágico e ataque isquêmico transitório,  além das opções de tratamento, leia: AVC | ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL | Sintomas e tratamento.

Sintomas do AVC


Sintomas do AVC #1 - Fraqueza nos membros.

Um sinal típico do AVC é a súbita fraqueza assimétrica dos membros. Geralmente a falta de força acomete um braço, uma perna ou um braço e uma perna em apenas um lado do corpo. A perda de força motora pode variar desde uma fraqueza muito suave até a paralisia total . Uma fraqueza motora súbita e unilateral é típica. Não é comum no AVC ambas as pernas ou ambos os braços serem acometidos ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Dormência, formigamento ou uma sensação de leves picadas de agulhas podem também estar presentes.

A paralisia, ou uma quase paralisia, são facilmente identificáveis pelo paciente e seus familiares. A dificuldade surge quando a perda de força é discreta. Neste caso, um teste simples pode ser feito. Levante os braços e mantenha-os por alguns segundos alinhados aos ombros (posição de múmia ou sonâmbulo). Se um dos braços começar a cair involuntariamente há um forte indício de fraqueza motora. O mesmo teste pode ser feito com as pernas, basta sentar-se e levantar as pernas, deixando os joelhos esticados.

A paralisia dos membros costuma surgir rapidamente, todavia, pode se iniciar apenas com formigamento e leve fraqueza, evoluindo para franca perda de força somente após algumas horas.

Sintomas do AVC #2 - Assimetria facial

Desvio da comissura labial - Sintoma de AVC
Sintomas do AVC - Paralisia facial
A paralisia facial unilateral é outro sinal típico do AVC.
O desvio da boca em direção contrária ao lado paralisado é o sinal mais comum e perceptível. Repare na figura ao lado. Este paciente apresenta uma paralisia facial do lado esquerdo. Note que a boca desvia-se para o lado direito e a comissura labial (vulgo bigode chinês) desaparece à esquerda, ficando mais proeminente à direita. 

No AVC, a paralisia costuma preservar a metade superior da face, sendo o paciente capaz de franzir a testa e levantar as sobrancelhas. Esta dica é importante porque na paralisia de Bell, quadro causado pela inflamação do nervo facial, toda hemiface do paciente fica paralisada (leia: PARALISIA FACIAL | PARALISIA DE BELL | Causas e Tratamento).

Outros sinais e sintomas que falam a favor de um AVC, e não da paralisia de Bell, são a perda de força em outras áreas do corpo, como membros, alterações na fala, perda de visão, desequilíbrios ou qualquer outro sintoma típico de AVC associado. A paralisia de Bell acomete única e exclusivamente a face.

Em alguns casos a paralisia facial é mais discreta e pode passar despercebida pelos familiares. Uma dica para ver se a boca está desviada é pedir para o paciente sorrir ou assobiar. Se houver paralisia, esta será facilmente notada com essas manobras.

Sintomas do AVC #3 - Alterações da fala

Outro sinal típico do AVC é a alteração da fala e do discurso. O paciente com AVC pode apresentar uma gama de distúrbios que no final se caracterizam por uma dificuldade em falar. As duas alterações mais comuns são a afasia e a disartria. 

A afasia é a incapacidade do paciente em nomear objetos e coisas. O paciente não consegue falar normalmente pois não consegue dizer nomes simples como cores, números e objetos. Em alguns casos o paciente nem sequer é capaz de repetir uma palavra dita por um familiar. Dependendo da afasia, o paciente pode conseguir pensar no objeto, entender seu significado, mas simplesmente não saber como dizer o seu nome. É uma perda da linguagem verbal. O discurso pode ficar confuso, pois o paciente só consegue dizer algumas palavras, sendo incapaz de dizer outras.

Muitas vezes o paciente também não consegue escrever o nome desses objetos. Há tipos de afasia em que o paciente deixa de compreender o que algumas palavras significam, não consegue falar, não entende os outros e não consegue mais entender o que está escrito. Neste caso o paciente perde a habilidade da linguagem globalmente.

A disartria é outro distúrbio da fala e se apresenta como uma dificuldade em articular as palavras. O paciente entende tudo, mas falta-lhe habilidade motora para mover os músculos da fala de modo a articular corretamente as palavras. O paciente até consegue nomear coisas, mas o faz de modo enrolado, às vezes incompreensíveis para quem está ouvindo.

Sintomas do AVC #4 - Confusão mental

Uma alteração do discurso também pode ocorrer por desorientação e confusão mental. O paciente pode perder a noção do tempo, não sabendo dizer o ano nem o mês que estamos. Pode também ficar desorientado espacialmente, não reconhecendo o local onde está. Estas alterações são comuns em pequenos AVCs em idosos. Múltiplos pequenos AVCs podem levar à demência. 

Sintomas do AVC #5 - Alterações na marcha

O paciente com AVC pode ter dificuldade em andar. Esta alteração da marcha pode ser causada por desequilíbrios, por diminuição da força em uma das pernas ou mesmo por alterações na coordenação motora responsáveis pelo ato de andar. Neste último caso o paciente mantém a força preservada nos membros inferiores, porém anda de modo descoordenado; tem dificuldade em dar passos.

Há casos em que o AVC pode causar tonturas, fazendo com que o paciente não consiga andar por estar tonto. Porém, o mais comum é paciente não sentir-se tonto, mas ainda assim não ter equilíbrio ao andar. Na verdade o paciente pode não conseguir nem se manter em pé parado, caindo para os lados se não tiver apoio.

Sintomas do AVC #6 - Crise convulsiva

Alguns casos de AVC se manifestam como crise convulsiva, que são abalos motores generalizados associados à perda da consciência. A crise convulsiva pode ser um dos sintomas do AVC, mas pode também ser uma sequela. Alguns pacientes tornam-se epiléticos após um terem tido um AVC. Para saber mais sobre epilepsia e crise convulsiva, leia: EPILEPSIA | CRISE CONVULSIVA | Sintomas, tipos e como proceder.

Sintomas do AVC #7 - Coma

Um sinal de gravidade do AVC é a redução do nível de consciência, às vezes ao ponto de se entrar em coma. A perda da consciência costuma ser um sintoma de um AVC extenso ou AVC hemorrágico.É um sinal de mau prognóstico.